O escabelo de François Augiéras: escritura e pintura do corpo do de-lito (de-leito)[1] PHILIPPE LACADÉE Augiéras nasceu em 1925, nos USA, e morreu em 1971 numa grande precariedade, em Domme, bem próximo de sua gruta, onde ele amava se refugiar.
Resumo: O texto é a transcrição do seminário de abertura do Núcleo de Investigação em Psicanálise e Medicina, no 1º semestre de 2016. Adolescência e puberdade são apresentadas como conceitos diferentes, provenientes de áreas diferentes do conhecimento. A adolescência é abordada como sintoma da puberdade e enfatiza-se a importante contribuição que a psicanálise traz para a prática dos profissionais da saúde. A adolescência é momento especial de encontro com o real, as respostas sintomáticas são frequentes em um mundo em que as referências simbólicas estão debilitadas. Alerta-se para a importância da inscrição e da não inscrição no campo do Outro.
O real da puberdade testemunha a irrupção de um gozo diante do qual as palavras falham. O encontro com esse real pode produzir consequências perturbadoras para a relação do sujeito com seu corpo, com a imagem e com a língua, que, até então, lhe serviam de sustentação. Essa passagem da infância à adolescência desaloja o sujeito de sua língua e de seu corpo infantil conduzindo-o tanto ao despertar quanto ao exílio. Será necessário, então, que ele encontre novos arranjos pulsionais e novos modos de inscrição no mundo e no Outro.
O trabalho se resume no comentário de dois casos clínicos de crianças, sobre cujos tratamentos o aspecto do gozo da mãe incide, denotando, por essa vertente, o excesso do real sobre o simbólico na subjetividade contemporânea. Uma hipótese topológica borromeana entre mãe e filho é trazida como orientação clínica.
Tomando a orientação dos temas do ENAPOL VI, “Falar com o corpo – a crise das normas e a agitação do real”, e das Jornadas da Seção Minas da EBP – “Psicanálise e Ciência – o real em jogo”, a autora introduz o assunto, interrogando, primeiramente, as normas, em seguida, os corpos para a ciência e, para terminar, propõe-se a pensar o que pode a psicanálise diante da crise das normas.
A autora comenta a formulação de Lacan sobre o utilitarismo da pena e suas consequências sobre a função da punição e articula o percurso da investigação do Núcleo de Psicanálise e direito relativa ao real da pulsão que se apresenta aos praticantes, nessa interface.
Trata-se de uma introdução às questões que o real do trauma nos
coloca, enquanto psicanalistas, na clínica com crianças.